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2 de junho de 2008

Mostra “Teatro sobre a Cidade” aborda as
relações entre a produção teatral e a polis

SESC Consolação e Tablado de Arruar realizam mostra que reúne espetáculos, encontros e oficina e lançam um olhar sobre as relações entre a cidade e o teatro, reunindo mais de 10 grupos de teatro e pesquisadores sobre o tema.

O papel que o teatro de rua desempenha em nossa sociedade está sem dúvida ligado ao papel da própria cidadania. O teatro de rua se insere num espaço de natureza coletiva, diversificada e anônima, que se legitima porque se mistura à cidade. Ao tirar o espetáculo do confinamento de quatro paredes em que se está bem delimitado o espaço do tablado para os atores e poltronas para a platéia, o teatro de rua retoma a origem do próprio teatro. O espetáculo configura-se, assim, como um ritual, em que cada atuação é única. No espaço urbano, essas trocas se estabelecem de modo particular, regidas pela organização da cidade, pelo modo de vida, pelo local de apresentação.
Promover uma reflexão sobre essas relações é a proposta da mostra “Teatro sobre a Cidade”, que o SESC Consolação realiza no período de 3 a 27 de junho. Em parceria com o grupo Tablado de Arruar – que acaba de comemorar sete anos de atividades – a mostra pretende lançar um olhar sobre as relações entre a produção teatral e a polis, a partir de diferentes formas de diálogo com o espaço urbano, na busca de uma reflexão sobre estética e cidadania.
A programação, gratuita, é composta por:
Espetáculos - com grupos de São Paulo que escolheram o diálogo com a cidade e com a sociedade – a partir de uma perspectiva crítica – como principal vetor de atuação, incluindo tanto grupos que trabalham com intervenções urbanas quanto grupos que partem de odisséias para refletir sobre nossa condição de cidadão. Os espetáculos na rua acontecerão no Largo de Santa Cecília;
Encontros: um espaço para refletir sobre alguns aspectos – estéticos e políticos – da intersecção teatro e cidade, contando com pesquisadores de São Paulo e de outros estados, como um representante no Cine Horto – Grupo Galpão (BH) e de Amir Haddad, do grupo Tá na Rua (RJ). Além da palestra inaugural, com a presença de Paulo Arantes e Iná Camargo Costa discorrendo sobre a dimensão pública do teatro, os encontros se formarão em torno de três eixos temáticos: A cidade no teatro, em que a representação da cidade a partir de trajetórias e odisséias a traz para dentro da sala de espetáculo ou a representa na própria rua, Diferentes apropriações do espaço público, em que serão discutidas estéticas e abordagens diferentes para o teatro feito na rua, e Grupos, espaços e comunidade: para além da cena, em que serão discutidos exemplos de atuação de grupos e companhias no entorno de seus espaços.
Completando o projeto, a oficina Uma cidade, vários teatros, voltada para jovens de 14 a 18 anos, cujo objetivo é trazer a experiência do teatro em relação estrita com a cidade.

PROGRAMAÇÃO:

Espetáculos:
A rua é um rio
Fruto de uma pesquisa de mais de um ano, que envolveu ensaios na própria rua com o público participante, a peça “A Rua é um Rio”, do grupo Tablado de Arruar tem como pano de fundo as relações de poder que se manifestam na disputa pelo solo paulistano.
Trata-se de dois percursos opostos e complementares, de personagens que não se encontram cara a cara, mas cujos interesses se chocam.
Um, Goodman, uma figura da elite brasileira, um rapaz idealista e inexperiente no mundo dos negócios, que se vê obrigado a assumir a presidência da construtora de seu falecido pai. Este é o seu dilema e o seu aprendizado: como se transformar em um empresário bem sucedido?
E, a outra personagem, Mariana, uma favelada que vive na área que será removida para que se construa uma obra da empresa de Goodman. Quando se vê nessa situação limite, Mariana decide abandonar seus filhos e transformar-se numa mendiga, excluindo-se do sistema.
Os dois personagens são livremente baseados em figuras reais citadas nos dois livros - Parceiros da exclusão, e São Paulo cidade global – da arquiteta e socióloga Mariana Fix, que serviram de base para a pesquisa do grupo.
Ficha Técnica:
Direção: Martha Kiss e Vitor Vieira
Ass. Direção: João Otavio
Dramaturgia: Alexandre Dal Farra e Tablado de Arruar
Direção Musical: Alexandre Dal Farra
Elenco: Alexandra Tavares, Demian Pinto, Felipe Riquelme, Ligia Oliveira, Martha Kiss, Rodrigo R.A.M. e Vitor Vieira.
Cenotécnico: Clayton Mariano
Camareira: Bruna Machado
Cenografia: Chico Barros
Figurino e adereços: Renato Bolleli
Confecção dos bonecos: Surley Valério
Preparação Corporal: João Otavio
Preparação Vocal: Ligia Oliveira
Composição Música Eletrônica: Gabriela Favre
Produção: Tablado de Arruar
Com a Cia. Tablado de Arruar.
Dias 4, 11 e 18/6. Quartas, às 16h
Local: Largo de Santa Cecília. Grátis. Reis de fumaça
Espetáculo composto de fragmentos de danças dramáticas populares, de depoimentos de personalidades ligadas a estas manifestações, de documentos históricos relacionados à escravidão no Brasil, de poesias e músicas populares de diversas origens e de recriações de experiências pessoais do elenco. Busca propiciar aos atores da companhia e aos espectadores uma experiência diferente e profunda em relação ao fazer teatral convencional.
Os atores chegam a um espaço público - uma praça -, onde vão desenvolver dois movimentos: o espetacular, com as manifestações de rua, e o íntimo, composto por depoimentos. O espetáculo contrapõe as grandes estruturas de danças dramáticas a experiências e testemunhos diretos reunidos durante o processo de criação. Ao estardalhaço que chama a atenção de longe, contrapõe momentos onde pequenas histórias são simultaneamente compartilhadas com grupos menores de espectadores. No mesmo lugar, único e ao mesmo tempo infinito: a praça, espaço público por excelência.
Reis de Fumaça conecta a tradição dramática brasileira à linguagem teatral já pesquisada pela companhia desde 1998. Trata-se de uma nova proposta cênica do grupo, buscando encontrar espectadores diferentes e proporcionando-lhes uma pausa no cotidiano da cidade que gere, ao mesmo tempo, diversão e reflexão. Trata-se não de simplesmente levar um espetáculo preconcebido à rua, mas sim de buscar a raiz de uma manifestação de rua. É lá, na praça, que o espetáculo se configura.
Ficha Técnica
Com a Cia. do Feijão.
Direção e Dramaturgia / Pedro Pires e Zernesto Pessoa
Direção Musical / Renata Amaral e Julio Maluf
Figurinos / Luiz Augusto dos Santos
Elenco / Fernanda Haucke, Fernanda Rapisarda, Flávio Pires, Guto Togniazzoto, Pedro Pires, Petronio Nascimento, Vera Lamy e Zernesto PessoaDia 6/6. Quarta às 16h
Local: Largo de Santa Cecília. Grátis.

Cenas de intervenção – paisagem nº 7: Circe
Circe tem o poder de transformar os homens em animais. Nas perambulações de Ulisses, seus companheiros se tornam vítimas da feiticeira. Protegido pelo deus Hermes, Ulisses dominará Circe e salvará seus companheiros, embora permaneça com ela durante certo tempo. Nesta intervenção, a Cidade é Circe e não há Ulisses que dela possa nos resgatar.
Ficha Técnica
Criação Coletiva: Teatro de NarradoresDramaturgia e Direção: José Fernando de AzevedoAtores: Benito Karmona, Bruno Gavranic, Lívia Camargo, Teth MaielloVídeo: Rodrigo CamposAssistência: Ana Cristina Bezerra
Dia 13/6. Quarta, às 20h.
Local: SESC Consolação
O santo guerreiro e o herói desajustado
Uma companhia de teatro, caminhando há séculos em busca do mar, chega à metrópole. É neste imenso “oceano” de concreto e gente que ela vem apresentar a história de Dom Quixote e de São Jorge Guerreiro. O honrado fidalgo Quixote, em sua luta individual e solitária, enxerga na grande cidade a imagem da sua amada Dulcinéia. Porém seus nobres ideais entram em conflito com as regras e leis que regem a realidade da metrópole; Quixote acaba vendo-se perdido, inadaptável à contemporaneidade. Sancho Pança, filho do povo, tem a coragem e a decisão de lhe indicar um possível caminho para fora do desespero, da inércia, da cegueira em que se afoga a grande cidade. Um caminho onde os solitários Quixotes tornam-se sábios São Jorges. São Jorge, o santo popular, vem rompendo os caminhos para revelar a importância da coletividade que ainda pulsa na cidade. E a secular companhia de teatro segue seu caminho, para continuar contando sua fábula ainda por muitos séculos...
Ficha Técnica
Com a Cia. São Jorge de Variedades.
Direção – Rogério Tarifa
Dramaturgia – Marcelo Reis / Rogério Tarifa / Alexandre Krug
Direção Musical – Georgette Fadel, Nina Blauth e Jonathan Silva
Apoio Teórico - Iná Camargo Costa / Antônio Pereira Filho
Preparação de Atores – Mariana Senne
Preparação Vocal – Patrícia Gifford
Direção de Arte - Casa da Lapa – Júlio Dojcsar / Silvana Marcondes / Sato
Assistentes de Cenário, Figurinos e Adereços - Amália Bouisson / Inês Sanchez
Técnico de Som – Alexandre Faria / Cândido Jorge / Taty Kanter
Elenco - Alexandre Krug, André Ribolli, Fernanda Machado, Isabel Soares, Jonathan Silva, Jordana Dolores, Josy Mattos, Lílian de Lima / Patrícia Gifford, Luciana Cunha, Luciana Gabriel, Marcelo Reis, Nina Blauth, Patricia Gifford, Paula Klein, Rodrigo Ramos, Rogério Tarifa, Vanessa Oliveira, Vanessa Paião, Walter Machado.
Duração: 90 min.
Dia 20/6. Sexta, às 16h.
Local: Largo de Santa Cecília. Grátis. Hamlet 1989
O ponto de partida é um jovem, que como Hamlet, encontra-se perdido entre a sua consciência poderosa e uma falta de clareza para a ação concreta; e outro jovem, Horácio, seu companheiro e dupla, que não tem o alcance de elaboração conceitual do outro, mas tem um senso prático que os mantém no caminho e serve de apoio "real" a Hamlet. Hamlet está em busca de Ofélia, que em sua imaginação é a salvação, mas a perde sempre, pois na realidade ela é tão somente a delicadeza de um grito de negação ao que está aí, e de recuperação do que um dia foram impulsos de mudança. A partir desses três personagens centrais, a peça se desenrolará, e retomará o histórico do grupo, de reflexão sobre a metrópole, onde se desenrolam todas as relações entre os personagens da peça.
Ficha Técnica
Com o grupo Tablado de Arruar.
Direção Rodolfo Amorim
Direção de ator João Otavio
Dramaturgia Alexandre Dal Farra
Atores: Alexandra Tavares, Felipe Riquelme, Clayton Mariano, Demian Pinto, Lígia Oliveira,Martha Kiss e Vitor Vieira
Músico: Rodrigo Amaral Mayan
Iluminação: Clayton Mariano
Dia 25/6. Quarta, às 20h.
Local: SESC Consolação, entrada pela rua Cesário Mota Junior.
Grátis. Retirada de convites meia hora antes da atividade. Nas rodas do coração
Nas Rodas do Coração é uma comédia musical que conta a história de uma companhia de teatro mambembe que apresenta seu repertório pelas ruas da cidade de São Paulo. Enquanto a peça está sendo encenada, as atrizes descobrem as falcatruas da dona da companhia e tentam, nos bastidores, desmascarar os golpes da vilã. O espetáculo é inspirado nos sambas de Adoniran Barbosa e na estrutura do melodrama, sendo encenado em cima de um ônibus teatro itinerante.
Ficha TécnicaCom a Cia. As Graças.
Direção: Ednaldo FreireTexto: Regina GaldinoMúsicas: Adoniran BarbosaDireção Musical: Mário Manga e Adilson Rodrigues
Figurinos e Cenário: Kleber MontanheiroCoreografia: Fernando NevesProdução: As GraçasElenco: Daniela Schittini, Eliana Bolanho, Juliana Gontijo, Vera Abbud
Dia 27/6. Sexta, às 16h
Local: Largo de Santa Cecília. Grátis.
Barbosinha Futebó Crubi – uma estória de Adonirans
Musical que aborda a estória de Adoniran Barbosa, um dos mais importantes compositores brasileiros e sua luta em defesa da música popular contra a colonização cultural–musical estrangeira.
O espetáculo se desenvolve por meio de um jogo de futebol disputado pelas equipes do BFC (time da várzea) e ASC – América “Soçaite” Clube.
Barbosinha Futebó Crubi – Uma Estória de Adonirans recebeu o prêmio Fomento ao Teatro no Município de São Paulo. Participou do Encontro Mundial de Cultura em São Paulo.
Ficha Técnica:
Com o grupo União Olho Vivo.
Texto: César Vieira
Direção: Eliezer Martins e Oswaldo Ribeiro
Músicas: José Maria Giroldo
Coordenação Musical: Ana Lúcia Silva e Lucas César
Cenários, Figurinos e Fotografias: Graciela Rodriguez
Iluminação: Gil Teixeira
Elenco: Ana Lucia Silva; Cátia Fantin; Cícero Almeida; Douglas Cabral; Eliezer Martins; Lucas César; Marisa Dutra; Monique Macedo; Neriney Moreira; Oswaldo Ribeiro; Paloma Siqueira; Saryda Andara e Will Martinez
Duração: 50 minutos
Dia 28/6. Sábado às 16hLocal: Largo de Santa Cecília. Grátis.

Palestras A dimensão pública do teatro. Encontro com os pesquisadores Iná Camargo Costa e Paulo Arantes.
Retirada de convites meia hora antes da atividade Dia 3/6. Terça, às 20h.

A cidade no teatro - trajetórias e odisséias Mesa com representantes da Cia. São Jorge de Variedades, Teatro de Narradores e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos. Mediação: Mariana Fix. Grátis. Retirada de convites meia hora antes da atividade. Dia 10/6. Terça, às 20h.
Diferentes apropriações do espaço público Mesa com representantes das Cia. As Graças, Tablado de Arruar e Cia. do Feijão. Mediação: Alexandre Matte. Grátis. Retirada de convites meia hora antes da atividade Dia 17/6. Terça, às 20h.

Grupos, espaços e comunidade: para além da cena. Mesa com representantes dos grupos Galpão (Cine Horto), Folias D´Art, Tá na Rua e União Olho Vivo. Mediação: Flavio Desgranges. Grátis. Retirada de convites meia hora antes da atividade. Dia 24/6. Terça, às 20h.
Oficina
Uma cidade, vários teatros. Com o grupo Tablado de Arruar. A oficina aberta a jovens entre 14 e 18 anos, interessados na prática teatral. O objetivo é trazer a experiência do teatro em relação estrita com a cidade. Serão trabalhados os métodos de criação que de alguma forma sintetizam a experiência do grupo ao longo de seus sete anos de pesquisa. Grátis. Inscrições na Central de Atendimento – 1º andar.
A partir de 10/6. Terças e quintas, das 16h às 18h. Duração: 2 meses.
Teatro sobre a Cidade
De 3 a 27 de junho de 2007. Grátis.
SESC Consolação
Rua Dr. Vila Nova, 245
Tel: 3234-3000
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Assessoria de Imprensa SESC Consolação e Teatro SESC Anchieta
Rita Solimeo Marin – tel: 3234-3043